qui rêve ou chante, est lui-même un rêve
qui scintille dans le sable. Feu ou désir,
enfant qui court dans le vent parmi le vert des étoiles,
la main ondule, écrirait presque, danserait presque,
et dans une violence bleue embrase et efface
les routes légères suspendues au-dessus de l’abîme.
*
As estradas leves
Um deus que brinca e que nada quer,
que sonha ou canta, é ele próprio um sonho
que na areia cintila. Fogo ou desejo,
menino que corre no vento entre estrelas verdes,
a mão ondula e quase escreve e quase dança,
e na violência azul incendeia e apaga
as estradas leves suspensas sobre o abismo.
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António Ramos Rosa (Faro, Portugal 1924-2013)