de la lumière et de l’obscurité,
de l’or et de la poussière,
j’entends que l’on me demande de choisir ;
d’abandonner l’inquiétude,
la douleur,
le poids de je ne sais quelle anxiété.
Mais je porte en moi tout
ce que je récuse. Je sens
se coller à mon dos
un lambeau de nuit ;
et je ne sais comment me tourner
vers l’avant, où le matin
se lève.
*
De um e outro lado do que sou,
da luz e da obscuridade,
do ouro e do pó,
ouço pedirem-me que escolha;
e deixe para trás a inquietação,
a dor,
um peso de não sei que ansiedade.
Mas levo comigo tudo
o que recuso. Sinto
colar-se-me às costas
um resto de noite;
e não sei voltar-me
para a frente, onde
amanhece.
***
Nuno Júdice (né en 1949) – Méditation sur des ruines (Meditação sobre ruínas, 1994) – Traduit du portugais par Michel Chandeigne