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A la rencontre de la communauté portugaise. Portrait de Fátima Velluz

Par Haykel

Quatrième contribution de Gabriela de Albuquerque(*). Après le portrait de João Roque, une synthèse sur la révolution des œillets et la couverture de la fête de la célébration du cinquantième anniversaire de la révolution portugaise, place maintenant à un autre portrait sur Fátima Velluz, un personnage haut en couleur bien connu du quartier de la Gare routière à Genève.


Fátima Velluz

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Quando veio de Portugal a Genève para passar duas semanas com o marido, Fátima não podia imaginar as alterações que estavam prestes a mudar a sua vida. Fátima não regressou a Pousada de Saramagos, a aldeia onde vivia. Trabalhando na restauração e nas limpezas, afastada da filha por cinco anos, Fátima lutou com determinação até conseguir realizar o seu sonho : ser dona do seu próprio negócio. O breve resumo da vida de uma vencedora.
Nascida numa família numerosa, Fátima viveu até aos 18 anos em Requião, pequena aldeia do concelho de Vila Nova de Famalição, quando o pai, por diferendos políticos com um superior, abandona o cargo de Guarda Florestal e muda-se, com a mulher e os 11 filhos para Vermoim. O pai, apesar dos graves problemas pulmonares, empregou-se como operério fabril.
Aos 11 anos de idade, e após concluir o quarto ano do ciclo primário, Fátima foi trabalhar para casa do médico da aldeia, doutor Joaquim Alves. A mãe acreditava que, trabalhando com pessoas tão distintas, a filha teria melhores oportunidades na vida. Com tão tenra idade, Fátima ficou responsável pelos recados da casa e pequenas compras, mas aos poucos, tornou-se na pessoa de confiança do médico e da esposa. Aos 17 anos, com autorização do médico, foi para o Porto, trabalhar em casa do filho mais velho, mas rapidamente regressou para Requião, para casa da família Alves. Insatisfeita com o trabalho doméstico, Fátima pediu ao doutor Joaquim que lhe fizesse o exame médico, do qual dependia a sua admissão na fábrica Riopele. Inicialmente relutante, o médico acabou por ceder às pressões da sua pupila, passando-lhe o atestado de saúde, garantindo assim a sua admissão, mas impondo condições. Acreditando que as fábricas só formavam mulheres de moral duvidosa, Joaquim Alves certificou-se que Fátima apenas trabalharia num departamento onde só houvesse mulheres e impôs que dormisse todos, fosse dormir a sua casa. Com um desvelo paternal por Fátima, o médico e a esposa zelavam pela sua educação religiosa e também pela sua reputação. Fátima nem podia falar com rapazes ! Durante cerca de quatro meses, conseguiu conciliar o trabalho diurno na fábrica com a vigilância nocturna ao casal Alves, entretanto, já idoso. Após esse período, cansada do trabalho fabril e sem tempo para descansar, para atender às necessidades cada vez mais exigentes do casal de idosos, Fátima regressou a casa dos pais. Inconformados com a partida da protegida, Joaquim Alves e a esposa deserdaram-na e durante alguns meses recusaram-se a dirigir-lhe a palavra. Apesar de terem reatado os laços, Fátima não voltou a ser incluída no testamento.
Aos 22 anos e ainda a trabalhar na mesma fábrica têxtil, deixa a casa dos pais para casar.
A nova vida tem início em Pousada de Saramagos onde, dois anos depois, nasce a sua única filha. Quatro anos passados, o marido de Fátima recebe uma proposta de trabalho e parte para Genève, deixando a família em Portugal. No ano seguinte,  Fátima e a filha, então com cinco anos, partem numa viagem de mais de 25 anos, com destino a Genève, ao encontro do marido, a fim de usufruirem de duas semanas de férias.
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E assim a vida de Fátima muda completamente. Em 15 dias, sem procurar, encontrou  trabalho e com o primeiro ordenado, 1.100chf, comprou um bilhete de avião para a filha, que regressou a Portugal e ficando entregue aos cuidados da ama durante cinco anos e meio. Apesar de estarem todos juntos nas férias de Verão e de Natal, Fátima ansiava por obter o permis B, pois só assim conseguiria trazer a filha para junto de si.
Durante 5 anos trabalhou arduamente no mesmo restaurante. Fátima recorda, com alguma tristeza esses tempos difícieis. Em 1985, por exemplo, na grande neve que quase bloqueou Genève, era obrigada a deixar a sua casa em Meryn para trabalhar no restaurante, no Paquis. Tão logo obteve o permis B, trouxe a filha, que rapidamente se adaptou à nova vida e mudou de trabalho. Sempre na área da restauração, foi trabalhar para o bar Capricorn, na Rue de la Servette ;  era concièrge a femme de menáge. O ordenado do bar eram 1000chf, o aluguel  1400chf mas, como concierge, a régie deduzia 500chf. As restantes despesas eram suportadas com o trabalho de menage. Mas o objectivo era juntar dinheiro e regressar para Portugal. Definitivamente.
Após 10 anos de vida em Genève, com todas as dificuldades para ajudar no sustento da família e trabalhando sem parar, Fátima enfrentou ainda o processo do divórcio. Sozinha, com uma filha menor e cansada de trabalhar por conta de outrem, decidiu que era hora de investir no seu próprio negócio. Através de um conhecido seu, soube de um café que estava à venda. Telefonou de imediato ao proprietário, expôs-lhe a sua intenção e marcou uma reunião para o final da tarde. Nesse mesmo dia, no seu local de trabalho, Fátima foi abordada por um desconhecido que lhe disse: hoje é o seu dia de sorte. Com a simpatia que lhe é característica, Fátima atendeu o estranho, sem fazer grande caso das suas palavras.
Ao final da tarde, conforme combinado, dirigiu-se para a reunião e qual não foi o seu espanto quando foi recebida pelo estranho de horas atrás. O proprietário do  estabelecimento que ela tencionava adquirir for ao seu local de trabalho, para a observar. E confiou no que viu. Quatro horas se passaram desde o primeiro telefonema até à conclusão do negócio. Fátima realizava assim o seu sonho !
Há dez anos que Fátima é proprietária do "Buffet Express", o café-restaurante mais pequeno de Genève. E talvez o mais simpático. Com cinco bancos no interior, e quatro mesas na esplanda, o pequeno café oferece um cardápio adaptado ao gosto de clientes portugueses e suiços e apresenta uma decoração sui-generis: as paredes do interior estão forradas com notas de todo o mundo. Mas o que mais cativa neste pequeno café, é a simpatia de Fátima. A prova disso são alguns clientes que a seguem há 20 anos !
Longo e árduo foi o percurso desta Senhora do Norte, mas a coragem e a determinação com que lutou fizeram dela uma vencedora. Em 1992, Fátima voltou a casar com Christian, ajuda indispensável na gestão do Buffet-Express. A  filha tem agora 35 anos, é mãe de uma menina de 4 anos. E é  essa a razão pela qual Fátima não pensa regressar a Portugal. Preocupa-se com o seu país, mantém-se informada sobre tudo que lá acontece, mas a sua vida é, definitivamente, em Genève.
E valeu a pena ?, pergunto-lhe eu. A resposta está no brilho dos seus olhos, quando sorri, antes de dizer: « Claro que sim ! Se assim não fosse, nunca teria conhecido o homem maravilhoso com quem casei… »
“Tudo vale a pena quando se alma não é pequena.” (in Mensagem, Fernando Pessoa)

Photos et texte: Gabriela De Albuquerque pour PLANETE PHOTOS

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Version en Français

Fátima Velluz
«Aujourd'hui est votre jour de chance »
Un destin, une vie, un sourire, une volonté

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Née dans une famille nombreuse, Fátima a vécu jusqu'à l'âge de 18 ans dans le petit village de Requião, qui dépend de la municipalité de Vila Nova de Famalicão. Son père a dû quitter son emploi de garde forestier pour des raisons politiques et a emménagé avec sa femme et leurs 11 enfants à Vermoim. En dépit de problèmes pulmonaires graves, il a été embauché comme opérateur d'usine.
A 11 ans, et après avoir terminé la quatrième année de l'enseignement primaire, Fatima est allée travailler au service de la maison du médecin du village, le Dr Joaquim Alves. Sa mère a en effet pensé qu'en travaillant avec des gens si différents, la jeune fille aurait de meilleures chances. Si jeune, Fatima a déjà un sens des responsabilités. Elle fait d’abord les commissions de la maison et les petits achats, mais peu à peu, elle devient la personne de confiance du médecin et sa femme. A 17 ans, avec la permission de Joaquim Alves, elle se rend à Porto pour travailler au service du fils aîné du médecin, mais elle reviendra rapidement au Requião, la maison de la famille Alves.
Les travaux ménagers ne sont pour elle qu’une étape. Fatima a demandé au Dr Joaquim de lui faire un examen médical, indispensable pour travailler en usine. Initialement réticent, le médecin cède aux pressions et lui délivre le fameux sésame… sous certaines conditions. Fatima travaillera dans un service où ne sont présentes que des femmes et elle dormira tous les jours dans la maison familiale du docteur. Docteur Alves croyait en effet que les usines ne formaient que des femmes de morale douteuse ! Avec un dévouement paternel à Fatima, le médecin et sa femme s'occupaient de son éducation religieuse autant que de sa réputation. Fatima ne pouvait pas parler aux garçons! Pendant quelques mois, elle a réussi à combiner journée de travail à l'usine et surveillance de nuit du couple Alves déjà âgé. Mais la fatigue comme les exigences l’obligent à mettre un terme à cette situation. Fatima retourne chez ses parents. Joaquim Alves et son épouse ne pardonnent pas, et refusent de lui parler, même si les relations reprennent tant bien que mal avec le temps. Mais ce n’est plus pareil et Fatima ne sera pas incluse dans le testament.
A 22 ans, alors qu’elle travaille toujours dans la même usine de textile, elle quitte le domicile parental pour se marier. Une nouvelle vie commence à la Pousada de Saramago, où, deux ans plus tard, naît la seule fille de Fatima. Quatre ans plus tard, le mari reçoit une offre d'emploi et se déplace à Genève, laissant sa famille au Portugal. Un an plus tard, Fatima et sa fille de 5 ans viennent en Suisse en bus, pour profiter de 15 jours de vacances.
Fatima a compris que sa vie allait changer complètement. En 15 jours, sans vraiment chercher, elle trouve un  travail. Avec le premier chèque de sa paye, 1.100.- Chf., elle achète un billet d'avion pour sa fille, retournée au Portugal chez la nourrice. Se contenter de voir sa fille durant les vacances d'été et de Noël, est une bien maigre consolation. Fatima a compris que sans le permis B, sa fille ne pourrait vivre avec elle.
Pendant cinq ans, elle a travaillé dur dans le même restaurant. Fatima se souvient de 1985, lors de la « grande neige » qui a bloqué  Genève. Pas facile de quitter son domicile à Meyrin, pour travailler dans un restaurant aux Pâquis.
Avec son salaire de 1000.- Chf. Fatima ne pouvait même pas payer son loyers qui tourne autour de 1400.- chf. Heureusement elle touche 500.- de sa régie pour son travail de concièrgerie. Et pour pouvoir terminer le mois elle fait des travaux de ménage. Le but étant de gagner suffisamment d’argent pour retourner définitivement au Portugal!
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Après 10 ans de vie à Genève et de travail sans relâche, Fatima a été confrontée à la procédure de divorce. Elle ne baisse pas les bras. Au contraire. Seule, avec une fille mineure et fatiguée de travailler pour les autres, elle décide de créer sa propre entreprise. Grâce à une connaissance, elle a trouvé un café à vendre. Elle téléphone immédiatement au propriétaire, lui expose son intention. Rendez-vous est pris pour la fin d’après-midi. Ce même jour, sur son lieu de travail, Fatima a été approchée par un inconnu qui lui dit: aujourd'hui est votre jour de chance! Avec la sympathie et la bonne humeur qui la caractérisent, Fatima a servi l’homme inconnu, sans faire grand cas de ses paroles.
Mais elle se rend comme prévu au rendez-vous. Surprise, l’inconnu est en face d’elle. C’est le propriétaire de l’établissement qu'elle a l'intention d'acheter. Il était venu l’observer. Il s’est passé quatre heures entre le premier appel téléphonique et la transaction. Fatima a réalisé son rêve!
Voilà dix ans que Fatima est propriétaire du « Buffet Express », rue Ami-Lévrier, certainement le café-restaurant le plus petit de Genève. Endroit sympathique aux nombreux clients fidèles.  Avec cinq places à l'intérieur et quatre tables sur le trotoire, le petit café offre un menu adapté aux clients portugais et suisses. Les murs intérieurs sont recouverts de notes et de cartes postales du monde entier. Mais ce qui séduit avant tout, c’est la joie de vivre de Fatima qui ne pense qu’au bonheur de ses clients. La preuve, ils la suivent depuis 20 ans!
Long et difficile le chemin de Fatima ? Sans aucun doute. Mais le courage et la détermination avec laquelle elle a lutté font d'elle une gagnante. En 1992, Fatima a épousé Christian, équilibre indispensable, y compris pour la gestion de Buffet-Express. Sa fille est maintenant âgée de 35 ans, elle est mère d'une charmante fillette de 4 ans. Fatima ne pense plus à son retour au Portugal. Elle se soucie de son pays, se tient informé de tout ce qui se passe là-bas, mais sa vie est définitivement à Genève.
Cela vaut-il la peine, lui ai-je demandé ? La réponse se lit dans la lueur de ses yeux quand elle sourit, avant de répondre: «Absolument! Si ce n'était pas le cas, je n'aurais jamais rencontré cet homme merveilleux avec lequel je me suis mariée ...  "
« Tout vaut la peine si l'âme n'est pas petite » (in Mensagem, Fernando Pessoa)


Photos et texte: Gabriela De Albuquerque pour PLANETE PHOTOS

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(*)Gabriela De Albuquerque en quelques lignes:
Née en Angola il y a 44 ans, Gabriela De Albuquerque est Portugaise. Passionnée par l’information, elle est diplômée de l’Ecole de Journalisme et Communication de Portalegre, cette ville portugaise magnifique, comme une terrasse sur l’Alentejo.
Gabriela aime lire, écrire, cuisiner, se promener. Elle nous propose un rendez-vous hebdomadaire. Elle a rencontré des Portugais de Genève. Ils ont accepté de se confier, de parler de leur vie, de leurs passions, de leur liens avec le pays natal. Ils couvrent tous les milieux sociaux et professionnels. Ce sont des tranches de vie que Gabriela nous raconte. A déguster avec passion !

Et demain est un autre jour!

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